Do Estadão
O
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, provável candidato do PSB à
Presidência, prepara sua sucessão no Estado com uma lista de opções
circunscrita ao seu clã familiar e político. Os três nomes cotados por
Campos para disputar o governo pernambucano em outubro têm algum grau de
parentesco direto ou indireto com ele.
Primo de
primeiro grau de Renata, mulher do governador, o ex-deputado Maurício
Rands voltou de uma temporada na República do Chade para, segundo ele,
ficar "na retaguarda" do governador.
Depois
de romper com o PT, ele se filiou ao PSB em outubro do ano passado, no
limite do prazo legal para ser elegível. Considerado por aliados de
Campos uma pessoa de sua estrita confiança, Rands representa a opção com
mais experiência política da lista tríplice.
Outro
nome que desponta na sucessão pernambucana é o do secretário da Casa
Civil, Tadeu Alencar. Além do filho dele, Tomás Alencar, ser namorado de
Maria Eduarda, filha do governador, as duas famílias são próximas desde
a época de Miguel Arraes - o avô de Campos e ex-governador do Estado.
Mas,
apesar de serem tratados no Estado como primos, a assessoria de imprensa
da Secretaria da Casa Civil garante que os Alencar e os Campos não
estão na mesma árvore genealógica.
A
terceira opção de Campos hoje é o secretário da Fazenda, Paulo Câmara,
casado com uma prima de segundo grau do governador. Seu nome não chega a
ser unanimidade dentro do PSB pernambucano, mas conta com a simpatia de
grande parte dos dirigentes do partido.
O
vice-governador João Lyra e o ex-ministro da Integração Nacional
Fernando Bezerra chegaram a ser cogitados pelo governador, mas devem
ocupar outros espaços na aliança.
Lyra
assumirá o governo quando Campos sair para a disputa presidencial em
abril e Bezerra pode disputar o Senado. A vaga foi aberta semana
passada, quando o peemedebista Jarbas Vasconcelos anunciou que não
tentaria a reeleição.
Segundo
Bezerra, Campos está ouvindo os partidos que compõem a sua base aliada
no Estado para tomar a decisão. O ex-ministro acredita que, até o
carnaval, o governador tenha definido o nome do seu sucessor.
Parentes.
Além dos dois secretários cotados para a disputa, Campos mantém no
governo pelo menos uma dezena de parentes seus e de sua mulher. A irmã
da primeira-dama, Ana Elisabeth de Andrade Lima Molina, médica da
Secretaria da Saúde, por exemplo, foi alçada a um cargo de direção da
pasta.
Antes de
fazer campanha para que a mãe, a então deputada Ana Arraes, fosse
nomeada ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), em 2011, Campos
já havia patrocinado a escolha de dois parentes para ocupar espaços no
Tribunal de Contas do Estado.
Ele
indicou como conselheiros do órgão um primo seu, João Campos, e um primo
da mulher, Marcos Loreto. Outro primo do governador, Thiago Arraes
Alencar Norões, foi escolhido procurador-geral do Estado no início do
segundo mandato de Campos.
No
Congresso, há a possibilidade de o filho de Campos ser candidato a
deputado. João, de apenas 19 anos, teria a missão de representar a
família em Brasília, já que Ana Arraes trocou o mandato na Câmara pela
vaga no TCU.
Para o filósofo e professor de Ética da Unicamp Roberto Romano, as decisões de Campos reproduzem uma ética herdada do seu avô.
"A fama
de 'esquerdista perigoso' imputada pelos militares a Miguel Arraes não
corresponde às práticas que ele adotou quando foi governador de
Pernambuco. Ele
sabia se equilibrar muito bem entre os oligarcas do Estado, além de ter
uma capacidade muito grande de passar pelas várias tendências
ideológicas sem ficar preso a uma ou outra."
Em
outubro passado, Campos se associou à ex-ministra Marina Silva para a
sucessão presidencial. Ela poderá ser sua vice. A dupla tenta se
apresentar como a terceira via da campanha presidencial, diante da
tradicional polarização entre petistas e tucanos.
Blog do Magno Martins
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